DE COMO AS COISAS TÊM LUGAR

situar as nossas práticas uma e outra vez

PAULA CASPÃO*

PT

que coisas – animadas e inanimadas – têm lugar nas minhas práticas?
concretamente, como é que ando a praticar as minhas práticas?
como é que faço sentido?
quem/o que é que faz sentido?
onde/quando é que o sentido vem a ter lugar?
Se a expressão “viragem afectiva – “affective turn” (Clough, 2007) – faz sentido nos tempos que correm, tenho andado a perguntar-me, enquanto fazedora de teoria e de filosofia a tempo parcial, se estou mesmo preparada para teorizar e filosofar de uma maneira que tenha realmente em conta os efeitos da minha prática, as suas implicações materiais (tanto animadas como inanimadas).
Convocando a noção de “modos de ser permeáveis” ” (Brennan, 2004), e adoptando uma posição na qual seja possível “escrever inadequadamente” (Clough, 2007), proponho uma série de práticas discursivas em torno da mais comum das nossas actividades quotidianas: fazer sentido(s). O que muito provavelmente produzirá um movimento discursivo que não avança em linha recta: um “padrão feito de buracos” que “não vai dar a lado nenhum” (Carter, 2004), apesar de poder levar-nos a activar alguns lugares comuns.

* Escritora, investigadora, dramaturga e artista intermédia residente em Paris desde 2003, trabalha no cruzamento das práticas coreográficas e da performance com outras áreas, e entre a teoria e a prática. Explora as modalidades de conhecimento geradas pela ficção, bem como as dimensões ficcionais da produção de conhecimento. Interessam-lhe as políticas e as economias da percepção, do movimento e do discurso.